Você não se sente um ovo?

– Você não se sente um ovo? Perguntou uma pessoa ontem na faculdade enquanto me ajudava a descer as escadas para ir embora.

– Um ovo? Perguntei em um misto de curiosidade e surpreso com a pergunta para lá de inesperada.

– Sim, um ovo! Confirmou ele, explicando com a seguinte reflexão: – É que já faz algum tempo que observo como as pessoas ajudam vocês (Pessoas cegas), elas parecem que estão carregando ovos e cuidam de vocês de um jeito que até parece que tem medo que vocês quebrem.

A pergunta inesperada surpreende pela consciência de quem fez a reflexão. Leva a pensar que alguém já começou a ver erros na forma como a sociedade enxerga as pessoas com deficiência.

Estes são os primeiros passos para entender que somos capazes de muitas coisas, se estamos trabalhando, passeando ou tomando uma no bar é por quê queremos estar ali!

Por que ter dó de uma pessoa pela deficiência que ela tem? É importante encarar a deficiência como uma característica da pessoa, já que ninguém tem dó de uma pessoa de cabelos claros por que ela tem uma deficiência de pigmentação nos cabelos.

As pessoas tendem a ver alguém com deficiência como fraco, incapaz, e frequentemente subestimam sua capacidade intelectual, tratando como crianças pessoas que tem potencial para ensinar e frequentemente ensinam! Algumas destas pessoas são professores universitários renomados, mestres nesta ou naquela disciplina, cientistas fantásticos, mas aos olhos de alguns cidadãos, são só coitados.

Tem também o oposto, que acha alguém com deficiência um herói! A pessoa é fantástica, porque faz aquilo que todo mundo faz, já que uma pessoa com deficiência não deveria conseguir tomar seu banho, varrer sua casa ou lavar sua louça depois de comer, só por que “isto é uma tarefa extremamente difícil! “.

Mesmo supervalorizando tarefas simples há uma discriminação negativa da pessoa com deficiência, por que reafirma que não é possível que uma pessoa com deficiência consiga fazer algo minimamente produtivo.

Só teremos uma sociedade mais justa quando nossa igualdade não for medida pelas nossas diferenças.

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